Jairo Alves (Artigo da
Disciplina Medieval I, Curso de História da Universidade Estadual Vale do
Acaraú – UVA 2009)
“A função dos guerreiros ou guardiões seria auxiliar o governante na guarda e preservação da cidade. [...] precisaria necessariamente ser perspicaz para sentir o inimigo; rápido na perseguição desde o momento em que perceber sua presença; forte para combater quando apanhado e valente para lutar com energia” (Princípio: discussões filosóficas II, Maria V. P. Porto, UECE. citando Platão).
Introdução
Introdução
O objetivo deste trabalho é mostrar a concepção de Guerra na Idade Média,
a partir da análise de algumas obras que tratam do assunto, usando como
referencial teórico o livro de Michael Pastoreau; “No Tempo dos Cavaleiros da
Távola Redonda”. Pretendemos mostrar que o
conceito de guerra varia com o tempo e às circunstancias. A pesquisa é
centrada no cavaleiro medieval, seu modo de vestir, as suas armas, a posição
social, etc. Além de apresentar a influência da Igreja, e sua busca de
controlar estes conflitos, através de regulamentações determinavam o período, ao
longo do ano, em que se poderia ocorrer às batalhas, além de canalizar os conflitos a favor de seus interesses, surgindo o movimento das Cruzadas.
Guerra na Antiguidade
Platão na Antiguidade mostra as
qualidades de um bom guerreiro, que deve auxiliar o governante na administração
da polis, é determinante para o
exercício dessa função o ânimo ou a capacidade irascível, pois somente através
dela é que o guerreiro se tornará invencível e o medo e a derrota não fará
parte do seu modo de ser. Entretanto, adverte Platão que não adianta ser dotado
apenas da irascibilidade; todo guerreiro deve saber fazer uso da virtude que o
auxiliará a ser bom guardião, sabendo equilibrar o seu ânimo, senão o guerreiro
permanecerá em constante luta e conflito, sendo assim um risco no interior da
sociedade (PORTO, 2008).
Percebe-se que o guerreiro medieval
não esta muito distante da visão de Platão, com características próprias do
período como a Honra, como mestra das relações, e a Fidelidade, são conceitos
que influenciam nas atitudes do cavaleiro.
Combater é a razão de ser do
cavaleiro, “ele é um soldado de Deus, que deve temperar seu gosto pela guerra e
submetê-lo às exigências da fé” (PASTOREAU, 1989).
A literatura medieval (Compreendem-se por literatura medieval as canções de
gesta, que falam das aventuras dos cavaleiros) fala de guerra justa, de paz
magnânima, que exalta a bravura dos que combatem para fazer valer os direitos
de seu senhor, para defender os ministros e os bens da Igreja, para levar
assistência a todos os fracos, a todos os pobres que têm necessidade deles.
Segundo M. Pastoreau, “a guerra medieval não é gloriosa, mas mercenária,
a paz não é nobre, mas humilhante e desonrosa. As grandes batalhas são raras e
pouco sangrentas; as mortes sublimes não existem, uma realidade muito diferente
das canções de gesta”. As guerras entre nações não existem. Não há senão lutas
entre um senhor e seu vassalo, rivalidades entre dois feudos, vinganças entre
duas linhagens. As incessantes disputas que opõem os reis da França e da
Inglaterra não são de maneira nenhuma um conflito entre dois países, mas uma
guerra privada entre um poderoso vassalo e seu suserano, em que cada um procura
um meio legítimo de fazer respeitar o que acredita ser seu direito. A guerra do
século XII é sempre uma busca de despojos. Para os poderosos que a conduzem,
isso representa mais uma necessidade que uma avidez vulgar: os bens saqueados
servirão para pagar os mercenários, fortificar os castelos, recompensar os
vassalos que colaboraram para a vitória e, ao fazê-lo, assegurar uma vez mais
sua fidelidade para operações futuras (PASTOREAU, 1989, p.103).
O cavaleiro medieval necessita dos despojos para cobrir os gastos, que há
para poder se manter como cavaleiro: alimentar o cavalo, garantir a sua subsistência
e de seu escudeiro, comprar espadas, escudos, bestas, etc. A guerra não é para
vencer ou matar o inimigo, mas capturá-lo, despojá-lo de seus bens, saqueá-lo.
A Igreja foi a primeira a intervir nesses
conflitos. Além da convocação para as cruzadas e o estabelecimento da cavalaria
– duas instituições destinadas a canalizar para o serviço de Deus os impulsos
guerreiros dos combatentes -, ela tomou, ao longo do século XI, diferentes
medidas exemplares para restringir as conseqüências das guerras. Na metade do
século seguinte, tais medidas podem ser agrupadas em duas grandes regras: a paz de Deus e a trégua de Deus. A primeira destina-se a proteger os não-beligerantes
(eclesiásticos, mulheres e crianças, agricultores, peregrinos, comerciantes) e
certos bens de utilidade pública (igrejas, moinhos, colheitas, animais de
lavoura), colocando-os sob a “paz de Deus”, para que não sejam atacados nem
destruídos, é a partir daí que aos poucos, torna-se universalmente aceita a
idéia das igrejas como santuários.
Esta prescrição da Paz de Deus foi, de um modo geral, aceitas sem
contestações, por toda Europa Ocidental, Provavelmente porque pouca influência
tinha no desenrolar das operações militares (FILHO, 1989). A segunda proíbe as
hostilidades em certos períodos do ano (Advento, Quaresma, Páscoa), ou da
semana (de sexta-feira à noite a segunda-feira de manhã) que supõem uma vida
religiosa mais intensa. Violar a paz ou a “trégua de Deus” é uma infração
particularmente grave, que implica a excomunhão e a citação perante um
“tribunal de paz” formado de senhores e prelados. As sanções desse tribunal são
extremamente severas (PASTOREAU,
1989).
Inicialmente respeitadas e eficazes,
essas regras caíram um pouco em descrédito desde que a Igreja resolveu
ampliá-las: especialmente no início do século XIII, quando tentou impor a
trégua de Deus toda semana de quarta-feira à noite a segunda de manhã.
A partir dos anos 1220-1230, a
guerra começa a ser refreada. Às restrições impostas pelas estações (não se
costuma combater no inverno), pelas circunstâncias atmosféricas (suspende-se a
batalha quando começa a chover), pelas horas do dia (jamais se luta à noite) e
àquela determinada pela Igreja (as antigas paz e tréguas de Deus), somam-se
agora as que emanam de um poder soberano cada vez mais influente. Em tempos de
paz o cavaleiro gasta seu tempo em torneios.
Os Mercenários
Os Mercenários são raros no início
do século XII, usados pelos reis da Inglaterra, mas a partir dos anos 1160-1170
tornam-se então um tormento para todo o Ocidente: andam em bandos, utilizam
técnicas que visão matar invés de captura (facas, arpões, bestas). São mais
perigosos em tempos de paz do em tempos de guerra. São caçados e quando
capturados sofre severos castigos (em 1182, Ricardo Coração de Leão manda
degolar a metade de um bando de mercenários aprisionados, e liberta os outros
depois de ter-lhes vazado os olhos), a Europa ocidental terá que conviver com
esses delinqüentes pelo menos até a metade do século XV (PASTOREAU, 1989).
As Armas Medievais
É surpreende a variedade de armas e
vestimentas, tanto entre os cavaleiros quando entre os que lutam a pé.
A razão principal dessa disparidade
é o fato de cada combatente se armar às próprias custas. O equipamento custa
caro; poucos são aqueles que possuem um completo. Há casos de candidatos a
cavaleiro que são obrigados a adiar a data de sua ordenação, devido à falta de
recursos para aquisição do equipamento adequado. O equipamento padrão deveria
compreender, pelo menos: a cota de malha, o elmo, o escudo, a espada e a lança;
o de escudeiro a cavalo: a jaqueta reforçada, o capacete de ferro, a espada ou
o venábulo, o arco ou besta, além de outras armas de ataque, como atiradeiras,
clavas, porretes, facas e ganchos de vários tipos (PASTOREAU, 1989).
A cota de malha é, para o cavaleiro, a
principal peça do equipamento defensivo. É uma espécie de túnica metálica,
feita de pequenos anéis de ferro ou aço, que é enfiada como uma camisa e que adere
ao corpo por um cinturão; desce até os joelhos e é aberta na frente e atrás
para facilitar a subida no cavalo, tendo na parte superior um capuz que envolve
o pescoço, a nuca e o queixo. A cota de malha deriva de uma vestimenta
semelhante usada pelos guerreiros dos séculos X e XI, de couro ou de tecido
grosso, que aos poucos foi sendo coberto por anéis de metal. Esta vestimenta
surgiu com a idéia de entrelaçar anéis de ferro para forma um tecido que
dispensava o suporte de couro ou de pano. No final do século XII, um boa cota
de malha é formada por cerca de trinta mil anéis e pesa de dez a doze quilos (PASTOREAU, 1989).
As duas outras peças essenciais do
armamento defensivo são o elmo e o escudo. As dimensões do escudo em forma de
amêndoa são de fato consideráveis: cerca de um metro e meio de altura, e
largura compreendida entre cinqüenta e setenta centímetros; cobre inteiramente
o combatente, do queixo aos dedos do pé, e serve de maca após a batalha.
Manejar o escudo é uma arte difícil,
que requer, segundo nos relatam os textos, uma longa aprendizagem.
O escudo em forma de amêndoa não é o
único. O antigo escudo redondo dos cavaleiros carolíngios não desapareceu
completamente no século XII. Mas, se os cavaleiros ainda fazem uso dele, parece
antes reservado aos escudeiros a cavalo e a alguns infantes. Recapitulando as principais armas de defesa:
malha de cota, elmo e escudo. Vejamos agora o equipamento de ataque dos
combatentes. A espada é a arma do cavaleiro por excelência. É constituído de
três partes: lâmina, o punho, e o botão do punho. O tamanho e a forma variam
bastante; mas a mais comum é a espada “normanda”, de um metro de comprimento e
cerca de dois quilos de peso. A lâmina é larga (de sete a nove centímetros),
feita de um aço pesado amenizado por um ou dois sulcos de cada lado, e às vezes
damasquinada. Utiliza-se mais como arma de corte do que como arma de estocada,
e não tanto para matar o adversário quando para espancá-lo. A ponta é usada
apenas para furar os escudos ou rasgar a cota de malha. O punho é a parte da
espada mais ricamente decorada; estreita e comprida – pois costumasse segurá-la
com as duas mãos, é protegida pelos dois guarda-mãos, retos ou curvados no
sentido da lâmina. Considera-se a mais nobre das armas, o símbolo da justiça e
da autoridade. Todo cavaleiro procura conservar a sua pelo maior tempo
possível, antes de transmiti-la ao filho ou ao afilhado em cavalaria.
A lança é uma arma de estocada. Seu
comprimento (cerca de três metros) e peso (de dois a cinco quilos) impede que
seja utilizada como um dardo. A haste é pintada e feita de uma madeira rígida
capaz de resistir aos choques. A “empunhadura” da lança é entalhada e às vezes
coberta de uma pele; nesse caso é designado pelo nome de quamois (camurça). Cavalgando pela estrada, a lança é levada
verticalmente; em combate, é colocada tanto na posição horizontal (sobre o
ombro ou sob a axila, à altura da cabeça ou dos quadris) quanto na oblíqua;
nesta última caso , a haste é calçada por uma almofada de feltro colocada
diante da sela. O essencial é resistir ao choque, e utilizar o impulso da
arremetida para derrubar o adversário, transpassar o escudo e rasgar a cota de
malha.
Entre as armas de arremesso, é
preciso mencionar a atiradeira e, sobretudo, o arco e a besta. O arco é de
madeira, mais raramente de metal ou osso; sua dimensão varia entre um e dois
metros, mas os mais curtos parecem ter sido os mais famosos. Ele dispara uma
flecha de cerca de noventa centímetros a uma distância que pode ultrapassar
duzentos metros. O uso da besta, embora bastante antigo no Ocidente, impôs-se
verdadeiramente apenas na segunda metade do século XII. Considerada pérfida,
extremamente mortífera, indigna de um cristão, por muito tempo foi proibido
pela Igreja. Ainda em 1139, o Concílio de Latrão a reserva apenas para a guerra
contra os infiéis. A vantagem da besta consiste em não cansar o braço que mantém
a corda estendida, o que proporciona maior facilidade para se fazer a pontaria.
Contudo, sua força e alcance são
menores que os do arco; e, além disso, seu manejo é mais complexo: enquanto um
besteiro dispara duas setas, um arqueiro arremessa dez, doze ou quinze flechas.
Invasão a Fortificações ou Guerra de Cerco
Um cerco é um empreendimento previsto para durar muito tempo, no mínio
algumas semanas, podendo chegar a vários anos. Às tropas de Filipe Augusto; e a
cidade de Acre não se rendeu aos cruzados senão após um cerco de quase dois
anos (outubro de 1189 a julho 1191). Daí o numero e a variedade de edificações
levantadas pelos sitiantes em redor da fortaleza: instalação de tendas,
abrigos, barracões de madeira para abrigar os homens, os víveres, os animais e
o material; trabalhos de terraplanagem, fossos, paliçadas para cercar o lugar e
impedir a chegada de eventuais socorros; construção de escadas, torres,
galerias sobre rodas para se aproximar das muralhas.
Estas não devem apenas resistir aos homens, mas também a um verdadeiro
bombardeio de artilharia. Graças à experiência dos cruzados, há com efeito, um
aperfeiçoamento dos engenhos de guerra, inspirado nos equipamentos árabes e
bizantinos. Apesar de sua diversidade, pode-se agrupá-los em duas categorias:
engenhos à mola e engenhos a pêndulo. Os primeiros são enormes catapultas,
cujas dimensões e complexidade impediam sua construção no local; era preciso
trazê-las de longe. O tipo mais comum se assemelha a uma besta gigantesca capaz
de arremessar dardos, balas de ferro e lanças incendiárias. Os segundos são
máquinas de arremesso mais sumárias, semelhantes às da Antiguidade. Montadas no
local por carpinteiros, sob a direção de um engingnieur,
podem lançar enormes pedras, material incendiário, produtos asfixiantes (enxofre
inflamado, por exemplo), às vezes até corpos em decomposição para propagar uma
epidemia na fortaleza.
O que importa não é visar um alvo
preciso, mas concentrar o ataque num mesmo lado da fortaleza para neutralizar o
adversário nesse local. Enquanto isso, um grupo de cavoucadores abre fossos, e
outro, protegido pelo teto de uma galeria sobre rodas, avança até o pé das
muralhas para tentar arrancar as pedras. Às vezes, empreende-se um avanço até
uma galeria subterrânea, a fim de abrir enormes cavidades nas fundações da
fortaleza e ali atear fogo. Mais do que os engenhos de guerra, é esse trabalho
de sapa que produz na muralha os abalos e as brechas que permitem a penetração
dos atacantes. A menos que estes penetrem diretamente pelos portões, que
cederam aos golpes do aríete, enorme
viga de madeira rígida (às vezes, com uma extremidade metálica) de seis a dez metros
de comprimento, suspensa por cabos à maneira de um andaime e acionada num
movimento de pêndulo por uma dezena de homens. A conquista das muralhas através
de escadas e o combate corpo-a-corpo que se segue, embora frequentemente
representados nas iluminuras, parecem ter sido bastante raros na realidade.
Isso
porque os sitiados dispõem de meios eficazes para repelir os assaltos inimigos.
Não apenas instrumentos e líquidos em ebulição usados contra os que escalam os
muros através de escadas, não apenas torres de madeira que se deslocam
rapidamente e de onde seus arqueiros e besteiros podem dominar os atacantes,
mas sobretudo engenhocas e catapultas exatamente iguais às empregadas pelos
invasores. Para os sitiados, com efeito, o essencial é destruir rapidamente,
por meio de seus próprios engenhos, as máquinas de guerra adversária. Os “bombardeiros” ocorrem assim nos dois
sentidos, como nos futuros combates de artilharia. Apesar de seu aspecto
impressionante, a eficácia desses engenhos é bastante rudimentar. O
carregamento é extremamente lento.
A paciência parecer ter sido uma
arma mais eficaz que a combatividade, pois sabemos que, no século XII, a queda
de uma fortaleza se deve na maioria das vezes ao cansaço à fome, à epidemia ou
a traição.
A Batalha
A tática é relativamente simples. No
momento do confronto, cada exército alinha-se grosseiramente em três filas. Na
primeira, agachados, os soldados da infantaria armados de lanças e chuços; na
segunda, de pé, os arqueiros e besteiros; na última, os combatentes a cavalo,
com o centro ocupado pelos cavaleiros, com o equipamento mais pesado, e os
flancos, pelos escudeiros, com armas mais leves. Cabe a esses combatentes
montados, e somente a eles, o papel ofensivo. Alinhados em fila única, devem
fustigar o inimigo em assaltos sucessivos, avançando pelos flancos de sua
própria infantaria, atrás da qual voltam a se abrigar sempre que um ataque não
tenha sido decisivo. Arqueiros e lanceiros permanecem fixos; têm uma missão
apenas defensiva: Seu único movimento é fechar os flancos (às vezes, até formar
um círculo completo) quando a cavalaria se vê ameaçada de vários lados.
Rapidamente, após dois ou três
assaltos de parte a parte, a confusão torna-se generalizada e degenera numa
série de combates individuais, ou talvez de pequenos grupos, cada vassalo e
cada escudeiro procurando não se afastar da bandeira de seu senhor e de
combater a seu lado. O que nem sempre é fácil. Desde os primeiros confrontos,
os signos de reconhecimento visuais (estandartes, escudo e cotas de armas
brasonadas) perdem-se de vista. Os enganos tornam-se freqüentes. É preciso
recorrer a gritos de guerra, que aliás servem tanto para assustar o inimigo
excitar os ânimos das tropas quanto para unir e reencontrar os seus no meio da
confusão. Quando não são invocações políticas ou religiosas – como o famoso Diex aie (“Deus nos valha”) dos cruzados
-, esses gritos de guerra são simples nomes de feudos, acompanhados ou não de
um aposto. Assim, os homens do condado de Hainaut gritam orgulhosamente “Hainaut,
o Nobre”, enquanto os chefes de guerra flamengos, em alusão aos brasões de seu
condado, berram: “Flandres do leão”.
Mesmo quando a confusão é total, cada
cavaleiro procura enfrentar apenas um cavaleiro adversário; isso nem tanto em
virtude de certas regras de uma honra de cavalaria, que não é muito respeitada,
mas por um propósito baixamente lucrativo: o que importa é fazer prisioneiros,
exigir resgate e terminar o combate o mais rico possível. Não se costuma matar;
captura-se para depois negociar. No auge da refrega processam-se assim
negociações de todo tipo; pois os prisioneiros são libertados desde prometa
pagar um resgate; e eles retomam em seguida as armas para tentar fazer, por seu
turno, um prisioneiro cujo resgate compensará o seu. Por outro lado,
hostilidades muito intensas abalam os juramentos de assistência e lealdade mais
sólidos. Assim que o combate se torna um pouco áspero, assim que a fortuna se
mostra um tanto vacilante, cada senhor deve renegociar a fidelidade dos que o
acompanham. O dinheiro, também aqui, é o catalisador da batalha. A coragem
certamente existe (a cota de malha, de resto, protege contra a maior parte dos
golpes), mas a temeridade é uma virtude ainda desconhecida. Cada um procura
sair ileso, física e pecuniariamente, da batalha, esquivando-se das setas das
bestas (as únicas fatais), evitando ser desmontado por infantes, cuja função,
no meio da refrega, é derrubar os cavalos e os cavaleiros.
Nessas batalhas organizadas, as
principais vítimas, portanto, é a infantaria, ferida pelos cavaleiros,
pisoteada pelos cavalos, liquidada no momento da derrota. De fato, ninguém pede
resgate pelos arqueiros e lanceiros. Entre os cavaleiros, ao contrário, mesmo
que os feridos sejam numerosos, as mortes são raras.
As Cruzadas
As Cruzadas eram expedições de cristãos
para libertar a Terra Santa, atual Palestina, dos turcos muçulmanos, patrocinadas
pela Igreja Católica. O nome Cruzadas deve-se ao fato dos cristãos tecerem uma
cruz nas suas roupas, simbolizando o voto prestado à igreja.
O domínio dos turcos seljúcidas sobre a Terra Santa terá sido percebido
pelos cristãos do Ocidente como uma ameaça e uma forma de repressão sobre os
peregrinos e os cristãos do Oriente. Em 1095, no concílio de Clermont, o papa Urbano II exorta a
multidão a libertar a Terra Santa e a colocar Jerusalém de novo sob soberania cristã, apresentando a
expedição militar que propõe como uma forma de penitência.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRAFICA
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