Livro de linguagem simples e sarcástica, Richard Dawkins,
faz uma apologia a ciência e ao ateísmo, em detrimento, da religião e de
qualquer forma de superstição sobrenatural. Tendo como base os estudos de
Charles Darwi, defende a tese do evolucionismo e em oposição ao criacionismo
bíblico, rebatendo a tese do design inteligente defendida pelos criacionistas.
A primeira crítica que o autor faz a religião, é que ela,
é portadora de um privilégio único: o de “estar além e acima de qualquer
crítica.” Mesmo a mais clara, soa como hostilidade. “Tanto ateus como teístas
observam inconscientemente a convenção da sociedade de que devemos ser
especialmente polidos e respeitadores em relação à fé.” Segundo o autor, o fato
de os pais doutrinarem seus filhos na sua religião já é uma incoerência, afirma
as crianças são novas demais para entender conceitos abstratos, como os
religiosos. “a opinião religiosa é o tipo de opinião dos pais que pode ser
colada em crianças que, na verdade, são pequenas demais para saber qual é sua
opinião. Não existe criança cristã: só filhos de pais cristão.” Ou filhos de
pais evangélicos etc. Devemos sempre que possível combater esse tipo de
atitude. p.14-17
No segundo capítulo do livro, Dawkins expõe o “Espectro de Probabilidades”, uma escala de extremos opostos, sobre os juízes de valores sobre a existência de Deus, que vai do teísta convicto (1) ao ateu consolidado (7): (p.79-80)
01 Teísta convicto.
Probabilidade de 100% de que Deus existe. Nas palavras de C. G. Jung, “Eu não
acredito, eu sei”.
02 Probabilidade muito
alta, mas que não chega aos 100%. Teísta de facto. “Não tenho como saber com
certeza, mas acredito fortemente em Deus e levo minha vida na pressuposição de
que ele está lá.”
03 Maior que 50%, mas não
muito alta. Tecnicamente agnóstico, mas com uma tendência ao teísmo. “Tenho
muitas incertezas, mas estou inclinado a acreditar em Deus.”
04 Exatamente 50%.
Agnóstico completamente imparcial. “A existência e a inexistência de Deus têm
probabilidade exatamente iguais.”
05 Inferior a 50%, mas não
muito baixa. Tecnicamente agnóstico, mas com uma tendência ao ateísmo. “Não sei
se Deus existe, mas estou inclinado a não acreditar.”
06 Probabilidade muito
baixa, mas que não chega a zero. Ateu de facto. “Não tenho como saber com
certeza, mas acho que deus é muito improvável e levo minha vida na
pressuposição de que ele não está lá.”
07 Ateu convicto. “Sei que
Deus não existe, com a mesma convicção com que Jung ‘sabe’ que ele existe.”
O terceiro capítulo inicia-se com Dawkins rebatendo as
chamadas Provas de Tomás de Aquino. “As cinco ‘provas’ declaradas por Tomás de
Aquino no século XIII não provam nada, e é fácil mostrar como são vazias. As
três primeiras são apenas modos diferentes de dizer a mesma coisa, e podem ser
analisadas juntas. [São 1 O motor que não é movido. 2 A causa sem causa. 3 O
argumento cosmológico] Todas envolvem uma regressão infinita – a resposta a uma
pergunta suscita uma pergunta anterior e assim ad infinitum. Esses três
argumentos baseiam-se na ideia de regressão e invocam Deus para encerrá-la.
Eles assumem, sem nenhum justificativa, que Deus é imune à regressão.” Os
outros dois argumentos de Tomás de Aquino, são 4 O Argumento de Grau e 5 O
Argumento Teleológico, ou Argumento do Design. Inclusive
esse último, é o único que ainda é usado na atualidade. Consiste em afirma que
“As coisas do mundo, especialmente as coisas vivas, parecem ter sido
projetadas. Nada que conhecemos parece ter sido projetado a menos que tenha
sido projetado. Tem que haver, portando, um projetista, e a ele chamamos de
Deus.” p .111-114
A resposta de Dawkins para se opor ao Design Inteligente
(essa tese consiste em atribuir sempre a um projetista, Deus, a criação de
estruturas complexas da natureza e de difícil explicação cientifica, geralmente
pontos de lacunas no conhecimento humano, que se supõe preenchidas por Deus),
não poderia deixar de ser, a seleção natural: “A evolução pela seleção natural
produz um excelente simulacro de design, acumulando níveis incríveis de
complexidade e elegância.” p.115 “É exatamente o fato de o design inteligente
não dispor de provas de si mesmo, mas florescer nas lacunas deixadas pelo
conhecimento científico, que cria o desconforto na necessidade da ciência de
identificar e declarar as mesmíssimas lacunas como prelúdio para pesquisá-las.”
Ao contrário dos criacionistas, que defende o Design Inteligente, poderiam
dizer por exemplo: “Se não há fosseis para documentar uma transição evolutiva
postulada, a conclusão automática é que não há transição evolutiva, portanto
Deus tem de ter intervindo.” p.172-173 Diriam também “Se vocês não entendem como
uma coisa funciona, não tem problema: simplesmente desistam e digam que Deus a
criou. (...) Caro cientista não estude seus mistérios. Traga seus mistérios a
nós, pois podemos usá-los. (...) Precisamos dessas gloriosas lacunas para o
último refúgio de Deus.” Assim, cada vez mais lacunas são preenchidas por
pesquisas e trabalhos científicos, que menos lugar resta para Deus preencher. p.180
Outra afirmação que encontramos no livro é de que as
pessoas mais instruídas e inteligentes tendem a ser menos religiosas ou ter
qualquer tipo de crença, ou seja, as pessoas que aderem ao ateísmo são as mais
inteligentes. p.144-145
Quando questionado sobre o abuso sexual comedido por
padres católicos da Irlanda em uma entrevista, Dawkins, afirma que o ensino
religioso a crianças chega a ser mais grave e causa mais prejuízo do que o
próprio abuso sexual cometido por padres: “Respodi que, por mais horrível que o
abuso sexual sem dúvida seja, o prejuízo pode ser menor que o prejuízo
infligido pela atitude de educar a criança dentro da religião católica.”p.404
Assim o livro de Dawkins pode ser uma boa dica para quem
queira saber mais sobre o ateísmo, e interessa-se por discursões cientificas
sobre religião. Porem não recomendado para pessoas de convicções religiosas
fortes e de fé inabalável, que não aceite críticas a religião, tendo em vista
que o autor faz fortes críticas a Bíblia e a Deus, principalmente no antigo
testamento.
Diz Richard Dawkins no prefácio: “Este livro é para você.
Sua intenção é conscientizar para o fato de que ser ateu é uma aspiração
realista, e uma aspiração corajosa e esplêndida. É possível ser um ateu feliz,
equilibrado, ético e intelectualmente realizado.”
Dawkins, Richard. Deus
um delírio. Tradução de Fernanda Ravagnani. São Paulo: Companhia das Letras,
2007.
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