JOÃO FLAVIANO
TOMAZ FREIRE
(Texto adaptado
a partir da Monografia de graduação em História, com este mesmo titulo, pela Universidade
Estadual Vale do Acaraú –UVA-CE, ano 2014)
RESUMO
Este trabalho foca a embriaguez
associada ao alcoolismo na cidade de Ipu. Buscamos a principio contar um pouco
sobre a história da embriaguez na humanidade e depois partir para a história
ipuense destacando os bares, reduto do ébrio e boêmio, os personagens que
tiveram envolvimento com o vício do álcool, os prazeres da noite como o
prostíbulo ou “zona da perdição” como algumas senhoras chamavam e um fator
principal que era ou ainda é tratando-se da bebida e diversão, a música. As
bebedeiras após a labuta especialmente as sextas feiras, findando a semana e
muitos trabalhadores faziam ou o fazem como um ritual, não importando o tipo de
ofício, sem levar em consideração se era formal ou informal. Destacamos as
mazelas provocadas pelo uso continuo do álcool e desde o século XIX, os médicos
especialistas já encaravam o alcoolismo como uma grave patologia e algo
frequente nos dias atuais que é a adesão de muitos jovens a consumação dessa
substância, a mídia com incentivadora através dos comerciais e propagandas, a
violência e desordem, caso frequente especialmente tratando-se do trânsito e o
trabalho da irmandade que conhecemos como Alcoólicos Anônimos.
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa tem como foco a
história da embriaguez associada ao alcoolismo na cidade de Ipu, num recorte
temporal entre 1978 a 2014. A pesquisa foi dividida em três capítulos: o
primeiro abordando sobre a história da embriaguez durante a antiguidade, tendo
como referencial o trabalho do historiador Henrique Carneiro (CARNEIRO,
Henrique, Bebida, abstinência e temperança, Na história Antiga
e Moderna, 1º ed. São Paulo: Editora Senac, 2010) que traça sua teoria
sobre a “história das ideias”, abordando os grandes filósofos gregos da
antiguidade clássica e outras civilizações e defendendo que a embriaguez é uma
prática tão antiga quantas outras que acompanham a humanidade, como a própria
associação do homem, a prostituição, as guerras e a ira. Seria a ira uma
espécie de embriaguez? Pois este sentimento nefasto cega o homem, levando-o a
cometer delitos que o torna um “marginal” possuído pelo desejo de destruir,
roubar, estuprar e matar.
Os bares e botequins, redutos dos
ébrios, do boêmio, lugar para “afogar” as mágoas, desabafos, as contendas
diárias que subsistiam e ainda existem nestes estabelecimentos e a música como
fator essencial para o entretenimento especialmente após a labuta, onde
usaremos também como referência a professora Maria Izilda Santos de Matos
(MATOS, Maria Izilda Santos de. Meu lar é o botequim: alcoolismo e
masculinidade, 2ª ed. São Paulo: companhia Editora Nacional, 2001.) que
aborda as relações sociais tendo como foco o “ébrio e as tensões em torno da
construção da masculinidade”. Neste sentido, um distintivo com os homens,
trabalhadores antes de irem para o aconchego do lar era primordial dar uma
passada no botequim para degustar algum tipo de bebida adotando este
estereótipo como uma espécie de ritual.