11 janeiro 2016

EMBRIAGUEZ: UMA SAÍDA PARA AS “MAZELAS” DA VIDA OU UM PROBLEMA SOCIAL?

JOÃO FLAVIANO TOMAZ FREIRE
(Texto adaptado a partir da Monografia de graduação em História, com este mesmo titulo, pela Universidade Estadual Vale do Acaraú –UVA-CE, ano 2014)

RESUMO
Este trabalho foca a embriaguez associada ao alcoolismo na cidade de Ipu. Buscamos a principio contar um pouco sobre a história da embriaguez na humanidade e depois partir para a história ipuense destacando os bares, reduto do ébrio e boêmio, os personagens que tiveram envolvimento com o vício do álcool, os prazeres da noite como o prostíbulo ou “zona da perdição” como algumas senhoras chamavam e um fator principal que era ou ainda é tratando-se da bebida e diversão, a música. As bebedeiras após a labuta especialmente as sextas feiras, findando a semana e muitos trabalhadores faziam ou o fazem como um ritual, não importando o tipo de ofício, sem levar em consideração se era formal ou informal. Destacamos as mazelas provocadas pelo uso continuo do álcool e desde o século XIX, os médicos especialistas já encaravam o alcoolismo como uma grave patologia e algo frequente nos dias atuais que é a adesão de muitos jovens a consumação dessa substância, a mídia com incentivadora através dos comerciais e propagandas, a violência e desordem, caso frequente especialmente tratando-se do trânsito e o trabalho da irmandade que conhecemos como Alcoólicos Anônimos.

INTRODUÇÃO
A presente pesquisa tem como foco a história da embriaguez associada ao alcoolismo na cidade de Ipu, num recorte temporal entre 1978 a 2014. A pesquisa foi dividida em três capítulos: o primeiro abordando sobre a história da embriaguez durante a antiguidade, tendo como referencial o trabalho do historiador Henrique Carneiro (CARNEIRO, Henrique, Bebida, abstinência e temperança, Na história Antiga e Moderna, 1º ed. São Paulo: Editora Senac, 2010) que traça sua teoria sobre a “história das ideias”, abordando os grandes filósofos gregos da antiguidade clássica e outras civilizações e defendendo que a embriaguez é uma prática tão antiga quantas outras que acompanham a humanidade, como a própria associação do homem, a prostituição, as guerras e a ira. Seria a ira uma espécie de embriaguez? Pois este sentimento nefasto cega o homem, levando-o a cometer delitos que o torna um “marginal” possuído pelo desejo de destruir, roubar, estuprar e matar.

Os bares e botequins, redutos dos ébrios, do boêmio, lugar para “afogar” as mágoas, desabafos, as contendas diárias que subsistiam e ainda existem nestes estabelecimentos e a música como fator essencial para o entretenimento especialmente após a labuta, onde usaremos também como referência a professora Maria Izilda Santos de Matos (MATOS, Maria Izilda Santos de. Meu lar é o botequim: alcoolismo e masculinidade, 2ª ed. São Paulo: companhia Editora Nacional, 2001.) que aborda as relações sociais tendo como foco o “ébrio e as tensões em torno da construção da masculinidade”. Neste sentido, um distintivo com os homens, trabalhadores antes de irem para o aconchego do lar era primordial dar uma passada no botequim para degustar algum tipo de bebida adotando este estereótipo como uma espécie de ritual.